sábado, 18 de dezembro de 2010

Desejos Impuros - Parte 9 - O Chamado

Depois disso, fomos para o intervalo. Recebemos pessoas ainda mais curiosas por causa dos olhos de Carol. Todos queriam saber a fonte de sua beleza, que havia sido ainda mais realçada com a transformação. Mas os olhos de Thalita também eram lindos, encantadoramente azuis. O que me despertou uma dúvida, que cor estaria os meus olhos agora depois da transformação? Consegui me dispersar um pouco do grupo, fui para o banheiro, me certifiquei de que não havia ninguém mais lá e tirei meus óculos.

Para a minha tristeza eles estavam normalmente castanhos escuros. Arfei e pensei: "Vampirismo não funciona comigo." Voltei para sala e sentei entristecida na minha carteira, quando recebi um chamado, era a voz de Franco Rosenberg falando na minha cabeça (Ótimo, além de vampira sou esquizofrénica agora), ele estava pedindo para que nós (Eu, Carol e Thalita), nos dirigíssemos para os fundos do colégio. Mal levantei da carteira, Carol e Thalita já estavam a minha espera e fomos todas juntas.

Ao chegarmos ao local previsto demos de cara com Franco virado de costas para nós e olhando pro nada. Percebendo a nossa chegada ele se virou, nos deu Bom dia, e começou a andar para os lados iniciando um breve discurso: "Sinto muito por tê-las transformado desse jeito chega a ser grosseiro, mas era a única maneira. Se eu propor-se a vocês que fossem transformadas jamais aceitariam. Então fiz aquela armadilha, mas foi por uma boa causa eu as garanto. Como podem ver estou ficando velho. (Velho? só na cabeça dele). E não posso mais ficar guardando esse segredo comigo. Então escolhe vocês para fazerem parte do novo clã vampiro, The Black Roses ou como devo chamar, As Rosas Negras."

Desejos Impuros - Parte 8 - O Despertar

Finalmente acordei daquele sono profundo e levantei normalmente como se nada tivesse acontecido, mas quando olhei ao meu redor, percebi que não estava na minha casa e muito menos no meu quarto. Então Thalita entrou no quarto, com uma bandeja de café na mão, e disse: "Bom dia". Não respondi, eu estava confusa e a minha cabeça estava doendo um pouco. Olhei para o lado e lá estava Carol, deitada na parte de cima do bi cama. Respirei fundo e falei com Thalita. Ela estava feliz de nos ver bem, e disse que a dor de cabeça passaria logo. (Pera, como ela sabia que eu estava com dor de cabeça?).

Então ela foi pra cama de Carol e acordou a amiga com um leve abraço. Esta acordou super assustada e disse que havia tido um sonho horrível. Que nós havíamos sido mordidas pelo Professor Franco Rosenberg, e que ele queria nos transformar em vampiras. Arfei pena que isso não foi um sonho. Então Thalita pegou na mão de Carol e disse que tudo o que havia acontecido era verdade. Carol levantou da cama, riu alto e disse que tudo fazia parte de um terrível pesadelo, mas quando se olhou no espelho e viu os seus lindos olhos castanhos claros agora negros, e as olheiras monstruosas que nós tínhamos na cara, ela começou a ter uma crise de choro. Eu também não aguentei e chorei no meu canto em silêncio.

Thalita olhou pra gente e prometeu que tudo ficaria bem, e que com o tempo as olheiras fúnebres e os olhos negros iriam desaparecer, afinal, ela também havia passado por isso. E num gesto muito carinhoso ela nos abraçou e disse que estávamos justas nessa. Nos arrumamos normalmente e fomos pro colégio. Como Carol não queria chegar ao colégio daquele jeito, fomos todas de óculos escuros. Quando chegamos lá, todos nos olharam dos pés à cabeça. Agora sim éramos o grupo mais popular do colégio e o melhor de tudo, eu fazia parte dele.

Mas como felicidade dura pouco, logo mais no 4ª horário teríamos uma surpresa. Ivie nada satisfeita com o sucesso que estávamos fazendo pediu para que Carol tirasse os óculos escuros. Thalita tomou a frente e disse para Ivie ficar com a turma dela. Porém o que era para ser uma simples discussão se tornou algo mais evidente, Ivie deduziu: "Carol está escondendo algo." E fez com que a turma toda pedisse para que ela tirasse os óculos. Como não tínhamos mais saída, Carol os tirou. Até eu virei o rosto pensando na vaia que ela ia levar, mas quando olhei para Carol me maravilhei, ela estava ainda mais bonita. Além da maquiagem que a Thalita havia feito nela, seus olhos agora estavam castanhos cor de mel. Ivie de branca ficou roxa de tanta raiva, quando viu o estado de Carol. Já os outros alunos ficaram fascinados com a sua beleza e foram falar com ela.

Desejos Impuros - Parte 7 - A Transformação

Senti uma dor insuportável quando vi suas presas entrando no meu pulso. O seu veneno penetrando em minhas veias, ao mesmo tempo em que fazia pulsar mais rápido, mais envenenava todo o meu sangue. Aquela situação era desesperadora. Pensei que aquilo não fosse real, aquilo não podia ser real, eu estava sendo mordida por um vampiro no meio de um parque abandonado e ele não era um vampiro qualquer, era o meu professor. Olhei para o rosto de Rosenberg ainda assustada com tudo que estava acontecendo, enquanto ele se deliciava com o meu sangue.

Ele estava em estado de loucura, ele sugava meu sangue com tanto prazer e por mais esforço que eu fizesse eu não conseguia entender por que tudo aquilo estava acontecendo comigo. Continuei olhando para ele com olhos confusos, então criei coragem e falei com muito esforço: "Franco pare, eu sei que você não quer fazer isso. Eu sei quem você é. Franco pare você vai acabar me matando!" Então comecei a chorar e a gritar desesperadamente. Quando ele olhou pra mim com olhos de culpa, e me soltou no meio da grama. Mas já era tarde demais, o veneno já havia se espalhado pelo meu corpo todo. Então comecei a me debater na grama e olhei rapidamente para Carol, ela estava sem cor e seus olhos estavam negros como uma noite sombria. Me aterrorizei.

Olhei para o outro lado e vi Rosenberg indo embora do parque tranquilamente. Então comecei a gritar socorro. Me lembrei que tinha ouvido a voz de Thalita minutos antes de Carol ser mordida, será que ela ainda estava lá? E como não foi dormida? Então comecei a chamá-la, mas nada aconteceu. Quando olhei para Carol novamente lá estava Thalita, vestida de branco e chorando ao lado do corpo da amiga. Meu corpo estava quase sem nenhuma gota de sangue e por mais que eu lutasse eu não aguentava mais ficar ali acordada. Mas ainda assim eu ouvi Thalita falando: "Foi tudo culpa minha, era uma armadilha Carol, me perdoa." Então ela passou a mão na cabeça da amiga e continuou: "Você vai ver, logo você irá acordar, tudo vai ficar bem, eu vou tirar você daqui." Ainda Chorando, ela começou a gritar por Rosenberg. Olhei pra cima, tentei mover meu corpo sem vida, mas já era tarde demais. No meu último suspiro, senti uma gota de choro escorrer pelo meu rosto e num ato involuntário, desmaiei.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Desejos Impuros - Parte 6 - A Armadilha

Então Carol fechou os olhos um minuto e deixou ser conduzida por aquela voz doce e envolvente. Ela respirou fundo, e quando acordou daquele estado de Desejo Impuro, olhou profundamente para os olhos de Rosenberg, estes estavam obscuros, mas ao mesmo tempo sedutores. Seu corpo estava lutando para sair daquela prisão que a acolhia. Os braços fortes de Rosenberg a envolviam com carinho e ao mesmo tempo com desprezo. Ela estava quase se entregando aquele prazer proibido, quando ouviu a voz de Thalita no meio do parque dizendo: "Não”.

Nesse exato momento Carol acordou do estado de transe, conseguiu se soltar dos braços de Rosenberg e começou a correr, mas depois de tudo que ele tinha feito para trazê-la até aqui Franco não desistiria dela tão facilmente. Então num piscar de olhos Franco posse à frente de Carol, segurou os dois braços dela, e curvou o seu corpo lentamente. Ela gritava, chorava, pedindo para que ele não fizesse o que estava pensando em fazer. Porém este com a voz ríspida, mas ainda doce, falou: "Carol, você verá que depois que você for transformada tudo ficará bem. Você nasceu para ser vampira, sua descendência é vampírica. E seria um desperdício deixá-la dessa forma, tão humana e frágil." Então num gesto gentil e ligeiro ele beijou seu pescoço e a mordeu. Carol desesperada gritou por ajuda a plenos pulmões, mas ninguém a socorreu.

Rosenberg depois de mordê-la, a deitou na grama e beijou sua mão, passando levemente a outra mão pela cabeça dela. Carol estava se debatendo contra a grama, como se estivesse sendo possuída. Meu Deus, eu não podia ficar mais ali. Então saí da árvore a qual estava escondida e dei leves passos para trás, para que ele não escutasse. Mas ele ouviu e rapidamente veio até a mim. Agora ele estava sério, seu rosto tão receptivo antes estava gélido e eu estava morrendo de medo do que iria acontecer em seguida. "Você viu tudo não foi?" - falou Rosenberg. Eu disse que não, mas pela expressão do rosto parece que ele sabia que eu estava mentindo. Eu pedi mil desculpas, e prometi a ele que se me deixasse ir embora, ele nunca mais iria me ver de novo. Ele achou a minha proposta interessante, mas não o bastante para me deixar ir embora.

Então ele me pegou pelo braço e cheirou meu pescoço, sente um terrível desejo percorrer pelo meu corpo e tomar conta de mim, uma vontade louca de pertencer apenas a ele. Meus lábios se abriram levemente, meu coração batia cada vez mais forte e eu estava disposta a tudo para ter aquele homem. Aproximei-me do seu rosto, mirei nos seus olhos negros e me perdi. Eu não sentia vontade de correr, me esconder, de mais nada a não ser de ficar ali perto dele. Mas de repente, passou pela minha cabeça tudo o que ele tinha feito com Carol e eu sabia que se não fugisse poderia acabar como vampira ou pior, morta. Então escapei dos braços de Rosenberg e comecei a correr, pedindo para que ele me deixasse em paz. Entretanto dessa vez, sem dó nem piedade, ele me pegou pelo braço e mordeu o meu pulso.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Desejos Impuros - Parte 5 - O Parque Abandonado

Depois do falso depoimento de Carol e com a vibração de todos em sala. Fiquei ainda mais desconfiada. Afinal, o que Thalita queria com Carol no parque abandonado? Por que ela havia sumido tanto tempo? Estas e outras perguntas pairavam pela minha mente e o pior de tudo, não me deixavam em paz, é claro que havia algo de errado nessa história, mas eu não sabia se estava preparada para descobrir o que era. Quando o sinal tocou todos desceram, segui Carol Ela se despediu das amigas na portaria e começou a andar pela rua, com certeza estava indo para o velho parque. Algo me dizia que não era para ir com ela, que talvez fosse perigoso, mas eu fui mesmo assim. Segui Carol por longas ruas, e caminhos estranhos que me levaram até o velho parque, sim, este era um tipo de Playground abandonado, cheio de brinquedos entre eles uma simpática casinha de boneca. Foi então que Carol começou a gritar pelo nome da amiga, mas Thalita não a respondeu, pela expressão do rosto de Carol eu não era a única que estava com medo de estar ali.

Carol começou a olhar para os lados, eu já havia conseguido despistá-la o caminho todo, não era agora que eu iria deixar ela me ver. Ela perguntou: "Quem está aí?" Fiquei em silêncio, o medo transparecia em seus olhos, ela gritou Thalita várias e várias vezes para que esta aparecesse, mas nada aconteceu. Ela estava chorando quase indo embora, quando apareceu ele. Nem eu acreditei no que estava vendo, Franco Rosenberg conosco? Será que ele seguiu Carol também? Quando Carol viu Franco, se aproximou dele e começou a fazer várias perguntas. Ele disse que também estava preocupado com Thalita e que já havia iniciado a pedidos dos pais dela, uma investigação sobre o desaparecimento da filha, e ele estava no caso. Franco estava diferente dessa vez, estava sério, mas ao mesmo tempo sedento e muito "carinhoso" com Carol, fiquei a observá-los. Ele disse que já havia falado com a Thalita e que ela estava bem. E começou um papo estranho para o lado de Carol, dizendo que aquele lugar era muito perigoso e que os seus pais poderiam estar preocupados com ela. Carol concordou. Então Franco começou a acaricia seus cabelos, e continuo com o papo estranho.

Ele a perguntou se estava cansada de ter a vida que ela tinha e se gostaria de se tornar alguém melhor. Pensei alguém melhor?! Impossível. Ela disse que não, que estava satisfeita com a vida que ela tinha. Então ele perguntou se ela gostaria de ter poderes, tipo super velocidade e raciocínio (Nossa, eu boiei nessa. Será que ele vai transformá-la em um "super herói"?). Ela respondeu não, e notando que ele estava próximo demais dela, se afastou dele, ele a pegou pelo braço e abraçou. Eu estava ali morrendo de ciúmes, quase chorando de raiva. Quando ele cheirou os cabelos dela, e falou com uma voz doce e envolvente: "Posso acabar com a sua dor, posso fazê-la imortal" (Gelei na hora, o que ele queria dizer com imortal?).

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Desejos Impuros - Parte 4 - O Desaparecimento de Thalita

Já Havia certo tempo que Thalita tinha desaparecido misteriosamente do colégio, para ser mais exata uma semana. Carol ligava para ela todos às manhãs, mas nunca conseguia falar ou receber alguma notícia da sua melhor amiga, alguma coisa tinha acontecido. Mas sempre imponente Carol nunca se deixava abater, e mantinha a pose como se nada de grave tivesse acontecido. Apesar de estar sempre voltada por "amigos", lá no fundo ela sentia só, mas era orgulhosa demais para reconhecer isso. Afinal, ela era Caroline Olivier Bastos, a favorita da coordenação e dos professores, a aluna perfeita, a sua palavra valia mais do que a de qualquer outro aluno dentro daquela sala. Mantive-me quieta durante as aulas, estávamos no intervalo entre os horários de Física e Filosofia, alunos saindo e saindo da sala, ouvindo música, tudo normal.

Carol e seus "lacaios" haviam acabado de sair da sala quando um celular tocou, este estava em cima da mesa de Carol, olhei para os lados e como não havia quase ninguém na sala, resolvi atender o chamado. Mas não era um telefonema qualquer, e sim um torpedo de Thalita, que estava escrito assim: "Carol, recebi as suas ligações. Nesse momento estou querendo ficar sozinha, se quiser me encontrar estarei te esperando no velho parque, Beijos." Inicialmente achei estranho o pedido de Thalita, pensei até em entregar o celular para dona, mas melhor não. Pus ele de volta no lugar e sentei na minha carteira em silêncio.

Em seguida Carol voltou para sala. E quando ela leu a mensagem ficou estagnada, várias pessoas a perguntaram o que havia acontecido, mas as únicas coisas que ela disse foram que era uma mensagem de texto da Thalita e que ela estava bem, dando um falso sorriso. Todos na sala vibraram felizes com a notícia até Tia Lucimar. Eu também deveria ter ficado feliz, mas lá no fundo algo me dizia que Thalita estava passando por problemas muitos sérios e que eles de alguma forma iriam afetar a todos nós.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Desejos Impuros - Parte 3 - A Dupla Perfeita

Eu e Ísis ficamos juntas na sala do primeiro ano B, uma sala que não tinha muitos alunos "nerds", mas que existia um grupo, um grupo de patricinhas ridículas e seus "puxa sacos". Quando digo patricinhas, não são aquelas que usam roupa rosa e tem um carro esporte no estacionamento, mas sim de patricinhas que gostavam de mandar no colégio e elas não tinham opção de cor. Bia, Jéssica (ou Jel, como gostava de ser chamada), Dani, Ivie e Camile, aquilo sim era um grupo podre. De todas as que mais se destacava na inteligência era Beatriz, na simpatia era Jéssica, na molecagem era Daniele e nas “queridinhas dos professores" era Ivie e Camile (que tinha o professor de Química aos seus pés). Realmente este parecia ser um grupo imbatível, se não fosse à dupla perfeita.
 
Caroline Olivier Bastos e Thalita Vieira Meirelles eram o que podemos chamar de Dupla Perfeita. Tinham tudo o que o grupo da Bia tinha e um pouco mais e sem muito esforço. Líder da sala, popular e namorada de Fábio (um dos garotos mais gatos do segundo ano), Carol tinha o poder nas mãos. Ela era linda, e apesar do seu sotaque paulistano, tinha o português "perfeito" e sabia impor a sua opinião sobre os demais (não foi á toa que ela ganhou exatamente 28 votos para ser a Líder da sala, ela sabia liderar). E como estamos falando de uma dupla, não posso esquecer de Thalita. De olhos claros e beleza estonteante, ela possuía uma simpatia invejável. Todos gostavam dela, até os porteiros. Deve ser por isso que eu nunca entendi o porquê dela estar sempre sozinha, sem namorados, nem ficantes. Das duas a mais meiga era Thalita, ela era muito legal. Notei isso desde a última vez que nos falamos na aula de Biologia. Porém eu sinto que existe algo que a deixa infeliz, mas não sei o que é. Embora ela fizesse parte da dupla mais popular do colégio, ela sempre olhava as pessoas com uma expressão de dor, deve estar passando por um algum momento difícil.
 
Já Carol vivia rodada de lacaios (seus puxa sacos de plantão). Bia e o seu grupo não gostavam muito dela, mas fazer o quê?! Carol era a Líder. No entanto, não aquele tipo de Líder da sala dedo-duro que conta tudo para os professores e coordenadores, e que tem como profissão acabar com a sua vida social e sentimental. Nesse ponto ela era até legal. Para uma novata como eu, o mais difícil era conseguir participar de um grupo veterano, sorte da Camile que mais tarde conseguiu entrar no grupo de Carol. Amizades, conteúdo, adaptação, tudo era mais difícil pra mim, mas isso não me faria desistir de me encaixar em um bom grupo e ter uma vida social estável.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Desejos Impuros - Parte 2 - O Mistério de Franco Rosenberg

Primeira semana de aula, sexta-feira. Acordei morrendo de sono, e embora eu tenha tomado o café correndo cheguei atrasada no colégio. Peguei o ônibus lotado, meus cabelos estavam uma droga, desci no ponto errado, atravessei três pistas de carro e finalmente cheguei ao colégio. Direcionei-me ao banheiro, onde pude me arrumar melhor. E subindo para a sala me encontrei com a coordenadora Marli, que me aconselhou que eu pedisse para entrar na sala. A primeira vista achei estranho o pedido dela, mas o segui.

Fui até a porta, bate nela três vezes e pedi para entrar. No mesmo momento veio um professor em minha direção e me cumprimentou pelo bom comportamento. Ele parecia estar feliz com o meu gesto, afinal, eu tinha sido a única aluna da sala que pediu permissão para entrar em sua aula. Sorri para ele e sentei na minha carteira. Em seguida ele perguntou meu nome, e anotou na caderneta. Seu nome era Franco Rosenberg, tinha 36 anos e era professor de Redação do ensino médio. Ele tinha pele clara, cabelos castanhos escuros, olhos cor de mel, e dono de uma beleza incomparável, sedutora e imortal. Neste dia ele estava vestido com um terno preto. Bonito e bem alinhado ele chamava atenção de qualquer mulher que passasse por ele.

Durante o resto de sua aula, Franco deixou bem claro o conteúdo que iria dar durante o ano, as suas regras e expectativas sobre o primeiro ano B. Era inacreditável a forma como ele mantinha os alunos atentos e ao mesmo tempo em silêncio na sua aula, poucos professores que ensinavam pra gente conseguiam essa proeza. No final do horário fui falar com Ísis para saber o que havia acontecido. Ela me contou que todos os alunos que entraram na sala sem pedir permissão perderam cinco pontos de qualitativa. Depois dessa respirei aliviada e agradeci a Marli em pensamento por ter me alertado.

Franco era um homem sério, sério o bastante para você não se meter no caminho dele. No início eu não sabia nada sobre a sua vida, mas depois daquele dia comecei a querer conhecê-lo cada vez mais. Dono de uma personalidade forte e de uma disciplina rígida, ele atraia ódio de uns e admiração de outros. E se aproximar de um homem como ele, sim, isso seria muito difícil. Volta e meia, Professor Rosenberg (como gostava de ser chamado) sempre estava rodeado de alunos veteranos, era raro encontrá-lo sozinho. Apesar da sua discrição em relação aos alunos, ele nunca omitiu o seu favoritismo pelas alunas das séries mais avançadas, o que me fazia ter certo ciúme delas já que tinham muito mais acessibilidade a Franco, do que os alunos do primeiro ano.

domingo, 14 de novembro de 2010

Desejos Impuros - Parte 1 - Primeiro Dia de Aula

Era meu primeiro dia de aula no colégio novo, cheguei de carro. Meu pai fez questão de me levar até lá, àquela situação era desconfortante para mim, ainda mais quando a minha mãe desceu do carro e resolveu me acompanhar até a sala de aula. Passei pelos corredores do imenso colégio com olhar meio desconfiado, rostos novos e desconhecidos passavam por mim. Mesmo tendo uma pose de aluna séria e recatada, por dentro eu estava "rezando” para ser aceita naquele novo lugar. Passamos por várias salas, umas cheias de alunos outras quase vazias, aparentemente a galera parecia ser alto-astral, era aquilo que eu precisava.
Entretanto, lá no fundo eu sentia falta da minha antiga cidade, das velhas amizades. Eu não tive escolha, fui quase arrastada de lá para vir morar nesse fim de mundo. Respirei fundo, enfim chegamos à sala em que eu iria estudar pelo resto do ano. Parei na porta da sala e me despedi da minha mãe, que me abraçou e me deu um longo beijo no rosto, dei um sorriso amarelo de volta para ela e acenei ao vê-la descer as escadas. Agora sim, eu poderia entrar na sala sã e salva das caricias da minha mãe. Coloquei minha mochila azul marinho do ano passado em cima da carteira e me sentei. Olhei através da porta e comecei a pensar: Primeiro dia, novata, novos amigos, novas expectativas e metas para serem alcançadas. Era incrível como o meu coração estava  eufórico, mas mesmo assim mantive meu comportamento.

Foi então que Tia Lucimar entrou na sala. Uma senhora de quarenta e poucos anos de idade, pele parda, longos cabelos castanhos, com uniforme de funcionária e estatura mediana. Ela pediu para que os alunos se dirigissem para o estacionamento onde estava sendo realizada a festa de boas vindas (festa de boas vindas, essa é “boa”). Desci as escadas, encostei-me a parede e fiquei a observar. Nada fazia sentido, eu estava perdida ali. Vi pessoas se reencontrando, grupos de amigos conversando e eu era nada mais que uma intrusa naquele lugar. Meu desejo era de ir embora, mas para onde eu iria?

Ainda triste e pensativa, olhei para o lado e reparei que havia uma garota encostada na parede tão frustrada quanto eu naquela situação angustiante de novata sem amigos. O nome dela era Ísis, tinha estatura média, olhos castanhos, pele parda e estava com os cabelos presos naquela manhã. Olhei para ela, tentando descobrir uma forma de iniciar uma conversa amigável, foi então que veio em minha mente a frase que a minha mãe sempre me dizia quando eu era menor: “Menina, não fale com estranhos!”. Cheguei achar engraçado (cômico), mas naquele momento eu precisava ignorar seu conselho. Conforme eu me aproximava dela seus olhos foram se arregalando num tom de espanto, talvez estivesse com medo, mas mesmo assim resolvi começar um diálogo. Ela era do Rio de Janeiro, e tinha acabado de se mudar para Camaçari. Possuía uma opinião forte, e ainda assim era divertida. Parecia que iríamos nos dar bem.

Finalmente tocou o horário e fomos convidados a subir para as nossas respectivas salas. Ísis era de outra sala, me entristece. Resolvemos falar com a coordenadora e esta logo deixou Ísis trocar de sala. Mal chegamos juntas em nossas carteiras e começamos a conversar. Voltei meus olhos rapidamente para a porta e notei que finalmente havia chegado à professora do primeiro horário. Seu nome era Amanda, alguns alunos a reconheceram como a antiga professora de Redação da oitava série. Ela era legal, não passou dever no primeiro dia de aula, já subiu no meu conceito (brincadeira). O resto do dia foi bom, conhecemos os professores de matemática, geografia e história. E nenhum deles passou dever pra casa. O primeiro dia de aula resumiu-se em apresentações e reencontros. Lembro que eu e Ísis passeávamos pelos corredores do colégio enquanto olhávamos os gatinhos do segundo ano passarem, mas nenhum deles havia chamado a minha atenção, até agora.