sábado, 31 de dezembro de 2011

Desejos Impuros - Parte 21 - O Afrontamento

Ainda chateada e confusa com a resposta de Thalita, desliguei o celular e andei a passos largos até chegar ao banheiro. Onde entrei, fechei a porta e conferi se não tinha mais alguém comigo. Depois disso, sentei na pia e comecei a pensar, refletir, tentar entender cada palavra que Thalita havia me dito naquela hora. "Nem tudo é o que aparenta ser", o que ela queria dizer com isso? Que Franco Rosenberg é um monstro, que ele primeiro seduz para depois devorar criancinhas e transformá-las em vampiros sanguinários, eu não acredito nisso. A postura, a confiança e a verdade que Franco passa para as pessoas e naquele dia em que olhei no fundo dos olhos dele, mesmo com ele sugando o meu sangue, eu pude ver que ele é uma pessoa do bem, ou nesse caso, um vampiro do bem. Eu não aguentava mais aquela agonia, eu precisava colocar tudo em pratos limpos, mas de que forma? Como se não bastasse o enjoo que eu estava sentindo agora depois de comer o lanche da cantina.

Desci da pia, lavei minhas mãos e saí do banheiro. Quando de repente apareci diante de mim, encostado na parede e de braços cruzadas, Franco Rosenberg. Dessa vez ele não estava nem um pouco feliz comigo e com certeza ele não veio até mim para discutir sobre o meu baixo rendimento em Redação. À primeira vista me assustei ao vê-lo daquela maneira, mas eu precisava enfrentá-lo. Então me aproximei dele e perguntei:

- O que está fazendo aqui? - Falei com a voz trêmula.
- Eu vim buscar você. Vamos temos pouco até chegar aos fundos do colégio. - Respondeu Franco me puxando pelo braço.
- Ei, espera. O que pensa que está fazendo? - Perguntei tirando sua mão do meu braço.
- Melina, você prometeu que ia colaborar. O que foi? Mudou de ideia agora? - Perguntou Franco ainda mais irritado, mas tão confuso quanto eu.
- Eu mudei de ideia. Eu não preciso fazer parte de um grupo que não me deseja ter por perto. - Respondi olhando nos olhos dele.
- Mas Melina eu preciso de você lá com elas. - Falou Franco tentando entender todo o acaso. - Tá bem. Olha, vou esquecer tudo o que aconteceu, vamos fingir que tocou o intervalo agora. Eu vou perguntar só uma vez. Você vem comigo? - Perguntou Franco estendendo a sua mão pra mim.
- Não. - Respondi em voz baixa.
- Melina eu estou querendo te ajudar, mas eu preciso que você me ajude também. - Falou Franco angustiado.
- Por quê? - Perguntei angustiada.
- O quê? - Perguntou Franco confuso.
- Por que transformou a gente? Por que colocou a gente nessa? Você não tinha direito nenhum de nos deixar assim. - Gritei com Franco, e nunca me senti tão mal por isso.
- E você acha que eu não sei? Você acha que eu não me sinto culpado pelo que aconteceu com vocês? - Perguntou Franco fazendo uma breve pausa. - Eu cometi o maior erro que um vampiro poderia cometer. Eu deixei que os meus instintos dominassem e governassem sobre mim. Sei que me comportei como um verdadeiro animal, sanguinário e sem escrúpulos, mas eu estou aqui. Tentando solucionar o erro que cometi. Mas não foi por um simples impulso que eu transformei você e a Carol em vampiras. Existe uma explicação.
- E qual é? - Perguntei interrompendo-o.

Quando senti uma terrível dor no estômago e caí de joelhos.

- Melina, o que houve? - Perguntou Franco me puxando pelos braços.
- Franco... - Falei seu nome e senti mais uma pontada dentro da minha barriga. Então comecei a gritar.

Franco Rosenberg perdido e desolado, mal sabia se me segurava pelos braços ou se calava os meus gritos. Mas ele sempre perguntava: "Melina, o que está acontecendo? Melina, fala comigo." De súbito caí no chão e tudo que estava a minha volta começou a girar. Eu estava sonolenta, mas as dores das pontadas na minha barriga não diminuíram, ao contrário, continuavam e cada vez mais fortes. Meus olhos giravam e giravam, ele não sabia o que fazer. Então meu corpo começou a se debater no chão e no lugar dos meus dois dentes normais nasceram às presas. A partir daí Franco já sabia o que estava se passando comigo e não era nada bom.

- Carol, Thalita. - Franco gritou as duas que logo apareceram.
- Segurem-na. Melina me escute. - Falou Franco enquanto desabotoava um botão e puxava a manga da sua camisa. - Eu preciso que você morda o meu pulso, você está fraca e precisa se alimentar. - Falou Franco aproximando o seu pulso da minha boca.
- Eu não conseguia falar, mas fiz não com a cabeça.
- Morda logo, Garota. - Falou Carol, a arrogante.
- Carol também não é assim. Melina você precisa morder o pulso de Rosenberg, vai ficar tudo bem. - Disse a doce Thalita.
- Vamos Melina, morda. - Falou Franco.

Olhei para todos que estavam ao meu redor, fechei meus olhos e mordi. Nunca em toda minha vida senti tanto prazer em provar o sangue de alguém. Era uma sensação deliciosa. Era como encontrar a última garrafa de água no meio do deserto. A fome de um vampiro não se compara nem de longe com a fome de um ser humano. Diferente dos mortais, a fome de um vampiro poderia ser forte e avassaladora, fazendo-lhe refém das suas vontades e dos seus instintos. Terminando de saciar a minha sede por sangue, fui retomando a consciência e percebendo que havia acabo de morder o pulso do professor, fiquei em estado de choque.

- O que eu fiz? - Perguntei com os olhos cheios de água.
- Nada demais, apenas saciou a sua fome. É normal. - Respondeu Franco tranquilamente.
- Eu te mordi. Eu machuquei você. - Falei com o olhar perdido.
- Você não me machucou. Melina eu sou um vampiro, me recupero rápido. Olha! - Disse Franco me mostrando seu pulso inteiramente recuperado.
- Era isso que me preocupava. - Falou Franco olhando pro nada.
- O quê? - Perguntei.
- Eu sabia que um dia desses isso iria acontecer, que uma de vocês iria perder o controle. Ainda bem que eu estava por perto. - Respondeu Franco estendendo sua mão e me puxando para cima. - A partir de hoje, eu não quero mais ouvir desculpas. Ordem e disciplina são as palavras chave para um clã de respeito. Não quero mais saber de rixas por aqui. Vocês são um grupo agora, ou entram na linha ou iram sofrer as consequências. Que isso lhe sirva de lição, Senhorita Santiago. A não ser que queira se tornar um monstro frio e sanguinário, o qual você tanto detesta. Por fim, gostaria de avisá-las que por tal acontecimento nossas aulas de campo foram antecipadas. - Falou Franco.
- Pra quando? - Perguntou Carol.
- O mais breve possível. Não se preocupe qualquer coisa avisarei a vocês, estão dispensadas. - Respondeu Franco.

Eu estava indo embora com as garotas. Quando Rosenberg me chamou:

- Santiago. - Falou Franco.
- Fala. - Respondi me aproximando dele.
- Existe uma explicação para tudo que eu fiz, mas você só revelarei com o tempo. - Falou Franco limpando as lágrimas do meu rosto.
- Tenho medo do que possa acontecer. - Falei olhando pra baixo.
- Coragem Melina, essa Saga só está começando. - Falou Franco olhando fixamente nos meus olhos e dando um leve sorriso.