segunda-feira, 28 de março de 2011

Desejos Impuros - Parte 15 - Desejo de Escapismo

"Escapar, lá dentro de mim havia um vontade voraz de fugir daquele pensamento. Ele me consumia e ao mesmo tempo possuía controle total sobre mim. Só de pensar na possibilidade de Franco Rosenberg estar gostando de mim, como pude perceber em nosso último encontro no pátio. Já me deixava inteiramente feliz, mas como diz o ditado: Tudo que é bom, dura pouco."

Passei o resto do dia serena e constantemente pensativa. Aquela conversa com Franco Rosenberg havia mexido muito comigo. Era a primeira vez em que ficávamos cara à cara daquele jeito, nos olhando, e ele tão gentil tocando em meu rosto. Aquele momento foi tão perfeito, que nem parecia real. Finalmente tocou o horário e os alunos foram saindo da sala aos poucos. Olhei para o lado, vi Bianca, Isabela e Ísis se arrumando para irem embora. Pensei até em iniciar uma conversa com elas, mas as palavras de Rosenberg ficavam martelando em minha mente. Talvez ele tivesse razão, talvez fosse melhor eu permanecer no grupo das Rosas Negras, aceitar logo esse destino, dar uma chance. Porém antes que eu fizesse qualquer ação Thalita e Carol passaram por mim, junto com as suas bajuladoras de plantão. Carol me olhou de cima em baixo e antes que pudesse arrumar uma confusão comigo, Thalita entrou no meio e ordenou: "Vamos!" - com voz séria. Esta olhou pra mim normalmente e saiu junto com as outras. Já Carol ficou me encarando por alguns segundos e logo após saiu da sala.

Acho que isso foi um aviso de "Fique longe da gente." O que aquelas garotas pensam que são para tratar os outros dessa maneira. "Tudo bem, deixa pra lá." - disse para mim mesma e saí da sala. Tentei me apressar um pouco para chegar a tempo de ver Rosenberg deixar o estacionamento do colégio e finalmente o vi, mas como eu não queria ficar muito em cima dele fiquei observando-o em segredo. Ninguém poderia suspeitar que eu sentisse alguma coisa por ele, se não seria o meu fim. Fiquei encostada na parede e sorrindo para o nada vendo ele ir naquele lindo carro vermelho (O Renault Sandero). Depois disso, sentei em um dos bancos e fiquei esperando a vontade de ir embora. Tudo estava tranquilo até que Bianca se aproximou do meu banco e perguntou: "Posso me sentar?" - com uma voz meio tímida. Eu balancei a cabeça dizendo "Sim" e dei um sorriso amarelo, mas de qualquer forma eu queria uma companhia. Ambas olhando para o estacionamento e sem nenhum assunto em especial, começamos a conversar.

- Essas duas aulas de Bruno deram o que falar. - Falou Bianca sorrindo.
- É mesmo, eu adoro Bruno. - Falei devolvendo o sorriso.
- Sem dúvida ele é o Professor mais engraçado do Colégio Mackenzie. - Falou Bianca.
 - É... - Concordei com ela.
- Humn... Você sumiu da sala depois do intervalo, por quê? - Perguntou Bianca.
- Eu fui ao banheiro. - Falei pensando no que eu realmente havia feito ao sair da sala.
- Humn... Está alegre. - Afirmou Bianca.
- Estou? - Perguntei sorrindo.
- Posso saber o motivo? - Perguntou Bianca cheia de suspeitas.
- Minha mãe vai instalar a minha net hoje na casa nova. - Falei.
- Nossa que legal. - Falou Bianca.

No decorrer da conversa Bianca não tocou mais nesse assunto, porém estava tão evidente a minha felicidade que mal conseguia esconder. Chegando em casa, subi as escadas, deitei na cama e agarrei meu urso de pelúcia. Agora sim eu podia gritar em alto e bom som que eu estava apaixonada, só não poderia dizer por quem. Eu e Bianca trocamos e-mails e conversamos bastante. Ela é bem legal conhecendo mais a fundo, e se dependesse de mim seriamos ótimas amigas. Já sobre as Rosas Negras, depois daquela reação de Carol na sala eu queria era manter distância.

O que eu mais queria era sonhar com Rosenberg, dormir com Rosenberg, conversar com Rosenberg e mais do que tudo me manter constantemente próxima a ele, de maneira discreta. A presença dele, só de saber que ele estava no Colégio, já me deixava inteiramente alegre e em alerta caso ele aparecesse do nada. Porém ao mesmo tempo em que eu vivia aquela paixão adolescente com imensa alegria, temia o pior. Como eu disse no começo, você nunca sabe o que esperar de Franco Rosenberg. Ele pode estar feliz hoje, irritado amanhã e quem sabe depois de amanhã alegre de novo. Porém com Franco em minha vida, tudo podia mudar de uma hora para a outra. E caso eu realmente quisesse me manter próxima a ele, eu teria que saber conviver com tudo isso.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Desejos Impuros - Parte 14 - A Conversa

Eu, Bianca e China entramos na sala, mal chegamos do intervalo, e elas já se reuniram com as garotas para conversar. Eu com o pensamento ainda na rampa fitei a porta e percebi que Thalita e Carol ainda não haviam chegado. Então discretamente fui até a porta, olhei para o pátio, e vi as duas conversando com Rosenberg. Carol sempre animada com a presença de Franco. Já Thalita sempre simpática, mas havia algo que a incomodava, e isso era perceptível pelo jeito que ela passava a mão nos cabelos sempre que Carol comentava alguma coisa.

Tentei escutá-los usando a minha audição aguçada, mas fim de intervalo lá no Colégio Mackenzie é a maior gritaria, até parece filme de guerra. Pessoas andando, conversando alto, passando rapidamente por mim, outras tentando escapar da Tia Lucimar, toda aquela movimentação estava me irritando bastante, já que a minha audição era bem mais sensível do que a das outras pessoas. Eram vozes demais, pensamentos demais e eu não sabia como lidar com aquele novo sentido. Ainda observando eles de longe, Franco olhou para mim e fez um sinal com a mão me chamando. E como isso não pudesse ser pior, ouvi novamente a sua voz em minha cabeça dizendo: "Santiago, quero falar com você”.

Uma das manias de Franco Rosenberg era chamar suas alunas pelo sobrenome, isso era tipo uma "herança" deixada para ele depois de se tornar policial, o que não me agradava muito (Afinal, você gostaria que o seu professor te chamasse por nome de homem? - Acredito que não). Olhei diretamente para Franco e fui até ele, com certo medo de acabar ganhando uma broca daquelas. Chegando lá, Rosenberg pediu para as garotas nos deixarem à sós. Antes de finalmente sair, Carol me olhou com uma carinha de convencida, a mesma que dizia: "Agora você vai se ferrar idiota". A minha vontade era de matar aquela garota. Ela disputava atenção comigo em relação a Franco, sempre participando das aulas dele, comentando, sempre fazendo o papel da boa aluna. Aquela patricinha demente na verdade era uma boa bisca, isso sim.

Pus uma cara de irritada vendo Carol indo embora. E voltei meus olhos para Franco, que estava sério e me perguntou: "Por que você fez aquilo?" Tentei buscar uma explicação lógica, mas acabei respondendo: "Eu estava cansada, aquelas visões estavam me dando dor de cabeça, eu tinha que parar. E como eu disse antes, repito. Não gosto de que leem meus pensamentos." - Ele me olhou analisando e perguntou: "Por que não me pediu para parar?" - Olhei para baixo e respondi: "Eu não sabia como." Ele respirou fundo e disse: "Quando uma pessoa puxa a sua mão no mesmo instante em que estou lendo a sua mente, ela corre o risco de perder as suas memórias, e pensamentos passados. Fazendo com que a sua mente fique desorientada, no ar. Sem lembrar dos fatos, e isso é muito ruim." - Olhei para ele triste e disse: "Desculpa."

Ele se irritou com a minha resposta e disse: "Não é desculpas que eu quero Melina, eu preciso do apoio de vocês três. Vocês são um grupo agora, vocês são As Rosas Negras." Olhei para o chão e respondi: "Eu sei." Então, ele parou de falar, puxou meu queixo para cima e fixou os seus olhos nos meus. Aqueles lindos olhos castanhos agora estavam tão gentis. Ele pode sentir a tristeza no meu olhar, e eu pude ver no olhar dele que de alguma forma ele acreditava em mim. Franco passou a mão pelo meu rosto e disse: "Não é fácil à situação em que vocês se encontram, mas eu preciso que confie em mim. Conte comigo para qualquer coisa. Não corra ou se esconda. Se estiver algo errado fale comigo, vamos conversar. Eu preciso da sua colaboração Melina”.

Eu não conseguia respirar direito, como eu amava aquele homem. Aqueles olhos, aquela sensação, aquele desejo de amar e ser amada. Eu não sabia o que estava acontecendo entre nós dois, mas às vezes tenho a sensação de que ele olha nos meus olhos procurando por algo, algo para sentir, algo para se lembrar, algo para se envolver. Sem saber o que dizer naquele momento, eu simplesmente dei um sorriso e balancei a cabeça dizendo: "Sim." Franco ficou feliz com a minha resposta, e percebendo que havia poucos alunos no pátio, me pediu para que eu fosse pra sala. Caminhamos juntos pelo corredor, abri a porta e acenei antes de entrar. Franco fez o mesmo e se dirigiu para sala do primeiro ano A, onde ele daria aula em seguida. Entrei na sala em silêncio, me sentei na carteira e por mais que eu tentasse manter a calma eu não conseguia tirar Franco Rosenberg da minha cabeça.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Desejos Impuros - Parte 13 - Evasão

Ainda olhando firme para Rosenberg e sem pensar duas vezes, me virei e comecei a andar para bem longe daquele local. Aquele homem estava atordoando-me com pensamentos que eu não deveria ter, me deixando cada vez mais infeliz e confusa. Afinal, quem era Rosenberg para me deixar daquele jeito? Ele não possuía direito nenhum de invadir os meus pensamentos, e a melhor coisa que eu poderia fazer agora era me manter bem longe dele e dessa história de vampirismo.

Rapidamente os passos leves dados pelo chão do pátio se tornaram rápidos, eu estava fugindo daquela situação, do meu medo de ser descoberta, eu estava fugindo dele. Mas ainda pude ouvir um comentário seu, era óbvio que Carol iria falar alguma coisa, mas só ouvi a resposta. "A deixem ir!", nossa que posição maravilhosa a dele. Corri pelos corredores do colégio, e entrei no primeiro banheiro que vi. Mas dessa vez eu não estava sozinha, o que não me ajudou muito, porque a minha vontade era de chorar, brigar, gritar com alguém. Eu não sabia lidar com aquilo, eu não sabia controlar esse sentimento de fúria e frustração, eu não sabia lidar comigo mesma. Olhei-me no espelho e vi que estava suada, então me limpei. Fitei o espelho novamente para ver quem mais estava no banheiro. Então vi Bianca e Isabela, elas estavam fazendo algum tipo de comentário ou brincadeira, mas logo se calaram com a minha entrada no banheiro. Bianca me olhou curiosa, vendo minha cara de frustração e perguntou: "Oi, você está bem?" Dei um sorriso amarelo, e disse com ironia: "Pior não pode ficar”.

"Hum.. parece que hoje você está tendo um dia de cão." - falou Bianca. Olhei para pia e comecei a lavar a minha mão. "Não só de cão, de gato, cachorro, avestruz... de tudo um pouco." Isabela, melhor dizendo China como gostava de ser chamada, riu do meu comentário e Bianca logo em seguida. Não sei se valeria a pena curar minha frustração com bom humor, mas naquele momento eu estava topando qualquer coisa. Enquanto eu secava as mãos, as garotas continuaram a conversar comigo, e eu tentando sempre ser a mais simpática e agradável possível. Até que o sinal tocou e todas nós fomos para a sala juntas. Passando pela rampa, encontrei Thalita e Carol subindo com Rosenberg, ele sempre muito carinhoso abraçando-as e eu com a minha cara de tapada vendo tudo aquilo. Ainda bem que Bianca me acordou do transe, me avisando que tínhamos que ir para sala. Segui o conselho dela. Afinal, o que eu mais queria agora era me manter longe da dupla perfeita, do Black Roses seja lá como se chama isso e principalmente de Franco Rosenberg.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Desejos Impuros - Parte 12 - Conflitos e Pensamento

Inicialmente quando encostei a minha mão na de Franco não senti muita diferença, mas de qualquer forma eu queria que ele sentisse que eu estava criando confiança nele. Então no exato instante em que nossas mãos se tocaram não pensei em mais nada, deixei a mente livre para que este pudesse ouvir e ver o que ele quisesse. Ainda calmo, mas concentrado. Rosenberg apertou um pouco a minha mão e por fim usou o seu poder. Meu Deus, se eu não estivesse passando por aquela experiência talvez eu não acreditasse. A primeira imagem que veio em minha mente foi eu, Carol e Thalita chegando no pátio onde Rosenberg nos esperava. Também teve uma parte em que vi ele andando de um lado para o outro distraído, e por mais que me parecesse estranho, eu estava vendo tudo aquilo em preto e branco (escala de cinza) o que deixava a minha visão ainda mais confusa.

Rosenberg tentando ser o mais cuidadoso possível começou a explorar a minha rotina de hoje. Voltando todo o percurso que eu tinha feito até acordar. Era como se você sentasse em frente a uma televisão e começasse a rebobinar o vídeo cassete, vendo todo o filme de trás para frente. Senti até um pouco de tontura pelas imagens em preto e branco, mas não interferi no que Franco estava disposto a fazer. Então chegou a parte em que fomos transformadas, e então ele começou a ler meus pensamentos. Tudo o que eu havia pensado e sentido naquele exato momento em que havíamos o encontrado no parque abandonado agora ele podia ver e sentir também. Porém tinha algumas coisas que de fato eu temia que ele visse, como o ataque de ciúmes que eu tive quando o vi seduzindo Carol para torná-la inteiramente imortal.

Porém Franco não queria ficar só no tempo atual, ele foi ainda mais longe, passando com certa velocidade por lembranças minhas que nem eu mesma me lembrava mais, como: Meu aniversário de 1 aninho, o primeiro natal em que passei com a minha avó, meu primeiro dia no colégio, a festa de são João da 3ª série e assim foi, mais e mais lembranças passavam pela minha mente, um verdadeiro labirinto de recordações.

A sensação de ter alguém lendo a sua mente daquela forma era assustadora, era como ter alguém "passeando pela sua mente" e olhando tudo que queira sem pedir licença. Funçando lhe, invadindo lhe, explorando lhe. Você se sente estranho, com tontura e sem nenhum controle sobre seus pensamentos. Estes acabam sendo como uma onda de lembranças, inundando a sua cabeça, fazendo com que você fique ainda mais perdido e inconstante. Tudo estava indo bem até o momento em que de repente Franco voltou para o presente, para ser mais específica no meu primeiro dia de aula no Colégio Mackenzie, passando por toda a minha frustração de ser novata e o medo de não ser aceita. Durante toda essa experiência as minhas lembranças e imagens estavam um pouco distorcidas, eram tipo visões ou algo parecido, mas não me liguei muito nisso.

Novamente as imagens pulam, e fomos parar no primeiro dia de aula dele, o que me deixou incomodada. Eu pude ver o exato momento em que bati na porta e o vi pela primeira vez, foi paixão a primeira vista, eu sabia que eu queria aquele homem para sempre. Mas pensando que Franco Rosenberg poderia estar lendo meus pensamentos naquele instante, puxei a minha mão rapidamente da dele e a escondi. Franco que havia se desligado muito rápido de mim, fitou-me com olhos confusos e perguntou: "Por que fez isso?". Encarei-o e disse sem medo: "Não gosto que leem meus pensamentos, muito menos professores”.

terça-feira, 1 de março de 2011

Desejos Impuros - Parte 11 - Confie em Mim

No mesmo momento em que Rosenberg ficou naquele estado, estagnado no meio do pátio. Carol ficou gelada, como se um turbilhão de sonhos e pensamento passassem pela sua cabeça. De fato eu nunca tinha visto um aperto de mão durar tanto tempo, mas é claro que Franco não deixaria de vasculhar o seu passado. Afinal, ela havia o deixado entrar em sua mente por sua própria vontade. E tudo que lá existisse, uma história, um acontecimento ou uma mera lembrança o faria com que entendesse melhor aquela aluna tão polêmica e popular.

Quando terminou, Franco beijou levemente a mão de Carol, agradecendo toda a confiança concedida. Carol olhou para Franco, fascinada com o seu poder e disse: "de nada." - dando-lhe um lindo sorriso. Por fim Franco soltou a mão de Carol, e se voltou para mim e Thalita com um olhar misterioso, escolhendo qual seria a sua próxima vítima. Sinceramente, eu não gostaria de ser escolhida para tal sacrifício. Imagine que todos os seus maiores segredos, pensamentos e lembranças ficariam retidas na memória de um único homem, o seu Professor. Isso é quase um pesadelo. Mas só de pensar nele tocando em minha mão, e me olhando fixamente com aqueles lindos e sedutores olhos castanhos. O pesadelo seria bem recompensado.

Rosenberg se colocou a minha frente, e continuou pensativo. Talvez estivesse pensando se realmente deveria fazer aquilo comigo ou não. Carol pondo um fim em seu silêncio e pergunta: "Professor Rosenberg pretende ler a mente de Melina?". Franco olhou para mim com uma expressão ainda mais intensa e disse: "Se ela me permitir." Ainda sério este se curvou e estendeu a sua mão. Só pelo fato dele estar estendendo a sua mão pra mim, aquilo já havia me deixava toda derretida por ele, mas me mantive séria. Notando que eu estava parada e sem dar a mão. Rosenberg perguntou: "Está com medo?". Não respondi então ele continuou: "Melina eu só irei até onde a sua mente me deixar ir." Olhei para baixo, ainda com um pouco de medo, mas este acabou no exato momento em que Franco me olhou nos olhos e disse essas três palavras: "Confie em mim."

"Confie em mim", foi a melhor expressão que Franco Rosenberg poderia ter usado comigo naquele momento e óbvio que funcionou. Depois de ouvi-lo dizer tais palavras, coloquei a minha mão em cima da dele e deixei que me conduzisse a uma dança, aonde meus pensamentos poderiam bailar pelo salão e a música pudesse ser tudo de mais bonito que eu já tivesse ouvido em toda minha vida.