quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Desejos Impuros - Parte 20 - Razão x Coração

Thalita já havia se retirado do local depois de me dizer em suas entre linhas que já sabia do meu segredo. E agora querendo ou não, eu estava correndo risco, risco de ser desmascarada, risco de ser descoberta pela minha maior inimiga, Caroline Bastos. Dificilmente se ganha de um oponente quando ele sabe do seu ponto fraco que no meu caso era a minha paixão secreta por Franco Rosenberg, mas ainda que isso me preocupasse as palavras de Thalita ainda bailavam pela minha mente, e por mais que eu quisesse ignorá-las, ela tinha razão.

Quem estou querendo enganar? Vamos ser racionais eu preciso tirar esse professor da minha cabeça. Essa causa pela qual eu luto é totalmente perdida, mas eu não via graça nenhuma em ficar com os garotos mais novos. Eles não tinham a mesma postura, elegância, inteligência, humor e a simpatia às vezes tão frequente em Franco Rosenberg. Ele de verdade era o homem que eu queria pra mim. Ainda triste, chateada e com um turbilhão de pensamentos passando pela minha cabeça, eu precisava sair, pensar, andar, fazer qualquer coisa para me livrar daquele sentimento de medo e frustração. Então me levantei e fui para casa andando, nem me despedi direito das garotas. Eu só queria ir embora dali, descansar e quem sabe mais tarde voltar para o mesmo assunto de tormenta.

Enquanto eu andava distraída pela rua. Peguei meu celular e o fone, liguei na rádio e comecei a escutar. Ainda que eu não quisesse pensar no assunto e estivesse fugindo dele de toda forma. Os bons momentos que passei ao lado de Rosenberg inundaram a minha mente enquanto eu ouvia a música Yellow da banda Coldplay. Aqueles olhos cor de mel, a maneira como ele dava risada ou sorria, como ele se expressava em sala de aula, o tom da sua voz, o seu toque, tudo, tudo... Estava acabando comigo. Eu precisava de uma solução e entre as milhares das quais pensei apenas uma parecia ser a melhor pra mim, que era o afastamento. Seria melhor assim, ficar longe e voltar à estaca zero de tudo que conquistei, porque eu sabia que se me afastasse dele logo cairia no esquecimento.

Seria bom até pra Thalita tirar essa ideia louca da cabeça de que eu tenha algum sentimento por Franco. Também sei que na minha ausência carinho para ele não vai faltar. Chegando em casa, tirei a roupa, almocei, e caí na cama. Agora é só esperar amanhã para colocar o meu plano em ação, que não tinha muitos critérios, mas uma única regra: Ficar longe dele.

Es que então chega Sexta-feira, dia de aula de Português, Literatura, Inglês e Química. E lá vou eu correndo pelas salas outra vez para chegar atrasada na aula da Aguirra. Nossa, ela odeia quando eu chego atrasada, já virou até rotina, mas também dormi mal noite passada (pensando bem isso não é desculpa). Tudo estava indo bem quando apareceu meu primeiro teste da manhã. Eu estava ali tomando fôlego para entrar na sala quando me apareci ele na porta do 1º A, de calça jeans, camisa branca soltinha, e sapato social. A primeira vista eu desviei o meu olhar do dele, mas enquanto eu girava a maçaneta ele simplesmente se se encostou à porta e me deu bom dia, abrindo um largo sorriso. Eu (muito idiota por sinal) fechei os olhos, abri a porta e entrei com tudo na sala, sem lhe dar uma única resposta.

Ao fechar a porta, percebi que todos os alunos da sala estavam olhando diretamente pra mim. Também a sala estava em silêncio e entra uma louca em disparada, só podia dar nisso. Então comecei a andar pela sala, os olhares continuavam e eu coloquei até o casaco jeans na minha cara para ver se eu desaparecia, mas não ajudou muito só fez chamar mais atenção, uma atenção que eu não queria. Alguns alunos me achavam legal, divertida. Outros me achavam louca como Ellen dizia. Também tinham aqueles que se perguntavam: "O que ela está fazendo aqui?" Às vezes penso que nunca vou me adaptar a esse lugar.

Enfim intervalo, tocou o horário e eu fiz um favor para mim mesma, sai daquela sala. Priscila até tentou sentar ao meu lado durante a aula, mas eu a dispensei e com certeza após a minha entrada "triunfal" duvido que algum aluno tentaria se aproximar de mim de novo. Passei os quatro horários inteiros, sozinha, em silêncio. Tentei até me misturar com Bianca e as meninas na aula de Química para pegar o gabarito, mas a única pessoa que me deu oportunidade e conversou comigo foi Jéssica.

Então me dirige para a cantina, comprei algumas coisas e fui me refugiar no meu "cantinho feliz". Peguei o celular, coloquei na rádio e comecei escutar bem alto pra não ouvir o chamado de Rosenberg. E para fortalecer a causa, só ouvi músicas alegres e agitadas, nada de românticas e muito menos Coldplay que é a banda favorito dele. Eu estava bem, ainda tinha 8 minutos de intervalo. Quando apareci Thalita na minha frente, tirei o fone na hora, respirei fundo e perguntei:

- O que você quer? - Falei virando os olhos.
- Rosenberg está te chamando. Tem reunião hoje, se lembra? - Perguntou Thalita.
- Hum... Deixe-me ver, não. - Respondi fazendo cara de cinismo.
- Melina para com isso e vamos logo, não temos muito tempo. - Respondeu Thalita com pressa.
- Vocês não, eu tenho. - Respondi calmamente.
- Já sei o que é isso. Não quer ver ele né? - Perguntou Thalita se aproximando de mim.
- Mesmo se fosse, não sou obrigada a ir. - Respondi e dei as costas para Thalita.
- Você não entendi. Não sabe diferenciar as coisas, só sabe fugir, fugir do seu destino. - Respondeu Thalita com coragem.
- Esse não é o meu destino, eu só queria me formar e embora daqui. Eu não pedi para ser transformada em vampira ou me apaixonar por um... - Me calei, pois sem querer acabei me entregando.
- Por um professor. - Respondeu Thalita olhando nos meus olhos. - Melina, quando eu falei aquelas coisas naquela manhã... Não foi para assustar ou amedrontar você. Eu gosto de você, acredite. Eu só queria te alertar. Franco Rosenberg é uma pessoa encantadora, é gentil, inteligente, um eterno romântico, mas cuidado. As coisas não são tão bonitinhas quanto você pensa que são. Você não está vivendo um conto de fadas. Nem tudo é o que aparenta ser. - Respondeu Thalita.
- Espera, o que você quer dizer com isso? - Perguntei confusa e um pouco assustada.
- Com o tempo você vai entender. - Respondeu Thalita indo embora.
- E o que você vai dizer para ele? - Perguntei pensativa.
- A verdade. Que você não quis vir. - Respondeu Thalita que logo após desapareceu.