domingo, 17 de julho de 2011

Desejos Impuros - Parte 18 - Fria Manhã

Com certeza entre todas as que eu já passei nessa vida, esta foi a mais dolorosa. Nunca senti tanto medo de me apresentar, de falar em público ou de me expressar para alguém, mas eu tinha os meus motivos. Afinal, iríamos nos apresentar para quatro turmas no auditório, sem falar na presença ilustre de Franco Rosenberg que estaria me observando e colocando todo o meu potencial a prova. Mas ainda assim havia pessoas que acreditavam em mim, que diziam que eu me sair bem, que eu era uma das melhores oradoras da turma. Gostaria de pelo menos acreditar em 1/3 dessas palavras. Não que elas fossem falsas, mas a minha paciência já estava acabando e por mais esforço que eu fizesse eu não estava conseguindo gravar aquele texto sobre Oceano Pacífico de jeito nenhum.

Mas eu não tinha feito um texto qualquer, ele possuía exatamente frente, verso mais um parágrafo falando sobre as medidas e soluções. Eu fiz de tudo para gravar aquele texto, eu já havia adiado demais e a apresentação seria amanhã, eu precisava gravar aquele texto. Então peguei a minha câmera digital e gravei falando, revisei o assunto, porém nada de gravar a fala. Então eu coloquei na minha cabeça assim: "Gravar eu não vou conseguir, já são umas 11 e pouca da noite, o melhor a fazer agora é dormir." Eu precisava descansar, afinal, amanhã teríamos um longo dia pela frente.

Finalmente acordando daquele sono pesado, levantei da cama, fiz as minhas coisas de rotina, e fui para o colégio. Infelizmente mesmo acordando cedo eu sempre dava um jeito de chegar atrasada no colégio ou no mesmo horário que Rosenberg. E falando nele, cheguei ao colégio e comecei a procurar as meninas, nem deu 8 minutos e ele chegou no Sandero Vermelho dele. Foi como se as portas do inferno tivessem sido abertas pra mim. Eu saí correndo, desesperada para o auditório já para acelerar as coisas. Entrando lá, encontrei uns seis alunos que estavam se preparando para apresentar. Me aproximei de Erick e perguntei por Caroline Bastos, a organizadora líder dos seminários, ele disse que não havia visto ela ainda e que talvez ela estivesse na sala.

Conforme os alunos iam chegando ao auditório, íamos arrumando as carteiras. Não demorou muito até que Franco Rosenberg aparecesse no recinto. De calça preta, camisa branca e sapato social, ele entrou no salão e começou a observar o local. Eu, é claro percebendo a presença dele pus-me a ajudar os alunos que estavam arrumando as carteiras, buscando uma maneira simples e eficaz de me aproximar dele sem chamar muita atenção. Mal nos vimos e ele já me chamou: "Santiago" (tipo querendo dizer: Oi), e eu como estava com muito medo dele fiz o sinal-da-cruz.

E voltei a arrumar as carteiras normalmente, mas lá veio ele de novo (É a tentação do destino, só pode ser!) querendo conversar comigo para saber como estavam os preparativos para o seminário e tudo, e eu sempre respondendo e fugindo dos olhares dele, olhando pra baixo. Notando o meu nervosismo ele me puxou espontaneamente e me abraçou, fazendo com que o meu rosto encostasse em seu delicioso peito e disse com a voz meio rouca: "Tudo vai ficar bem" (Nunca me senti tão acolhida por alguém antes, nunca necessitei tanto de um abraço, só não imaginava que eu receberia logo dele). Me senti tão feliz e ao mesmo tempo tão a vontade que não me segurei, e correspondi ao abraço dele. E apesar de tudo ter durado tão pouco, foi o primeiro abraço verdadeiro que ele havia me dado. Não houve pudor de encostar, de sentir e de tocar, ele simplesmente deixou me ajustar ao seu abraço, que naquele momento foi tudo pra mim.

Depois disso, ele foi para uma carteira próxima a qual eu estava arrumando e eu perguntei: "Você vai se sentar aí?!", e ele disse: "Por quê? Não posso?", e eu sem graça respondi: "Claro que pode". Então me sai meio sem graça, mas conforme os alunos do 3º ano foram ocupando o auditório ele trocou de lugar. Como disse Rosenberg havia mandado alguns e-mails para os alunos falando sobre o seminário. E eu como estava cheia de responsabilidade e estresse na cabeça ainda mais porque iria me apresentar para ele, acabei mandando uma resposta pra ele meio que com fim irônico na frase, mas nada pesado. Porém isso foi o bastante para me deixar com um enorme peso na consciência, ainda mais porque ele não mandou resposta. E apesar de tudo eu sentia amor por ele, eu jamais gostaria de criar alguma desavença com aquele professor ou magoá-lo. Mesmo com aquele jeito dele rígido e tudo, lá no fundo eu sabia que existia um bom coração, eu só precisava achar uma forma de cativá-lo.

Continuando o assunto do seminário e fazendo um breve resumo: Ao todo fomos ótimos no seminário e super elogiados, graças ao comprometimento da turma e óbvio a nossa querida líder de sala Caroline Bastos. E apesar de ter me apresentado primeiro que todo mundo, ter esquecido algumas partes da fala, ter feito pausas longas durante a minha apresentação e ter ficado bastante ansiosa e com medo, eu não me arrependo de nada, só espero que da próxima vez eu não precise falar tanto. Fora a isso foi o máximo, colocamos música no auditório, dançamos, tiramos fotos para colocar no Orkut. Foi algo com certeza fora de série. Espero que isso aconteça mais vezes e o fato de não me apresentar também, mas isso é meio improvável.

Franco Rosenberg enquanto ficou com a gente lá no auditório tentou nos ajudar em algumas coisas, por exemplo: Colocando o microfone pra funcionar e fazendo a política da boa vizinhança, sempre dando atenção aos demais alunos. Confesso que fiquei com ciúmes quando o vi abraçando as outras garotas, mas Franco como era muito justo não gostava de transparecer favoritismo por ninguém lá na sala, apesar dele sempre comentar que tinham alguns alunos mais próximos a ele do que outros. Porém todo esse sentimento mudou quando ele me entregou a prova de Redação da primeira unidade, eu tirei: 31,6. Nunca fiquei tão feliz na minha vida, confesso que deu até pra esquecer que eu tinha um seminário para apresentar. Gritei de alegria e só não abracei Rosenberg, porque ele estava ocupado entregando as outras provas.

Depois do seminário, de ter ganhado a nota do ano, de ter tirado fotos, de ter morrido de medo e de sono, voltei para casa exausta. Mas o que eu não esperava era que na próxima Quinta-feira haveria mais um seminário para apresentar só que esta seria bem na aula de Rosenberg (É praga do destino!). Sim, exatamente o seminário dele, que foi adiado por causa do seminário de oceanos da gincana ecológica. Vai começar tudo de novo, nem deu uma semana deste seminário e já temos outro. Quero outra penitência, isso é castigo demais. De qualquer teríamos que apresentar o seminário sobre Renato Russo e se essa fosse a única forma de ganhar um abraço do Franco novamente eu faria este seminário com o maior prazer. Como eu amo senti-lo tão gentil e carinhoso comigo. Posso até estar errada, mas algo me diz que daqui para frente à tendência das coisas entre mim e Rosenberg é só melhorar. Quem sabe um dia ele possa olhar pra mim, e perceber que posso amá-lo muito além do tempo e da diferença de idade.


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