sábado, 30 de julho de 2011

Desejos Impuros - Parte 19 - Aceitando o Inevitável

Se não for hoje, um dia será. Algumas coisas, por mais impossíveis e malucas que pareçam, a gente sabe, bem lá no fundo, que foram feitas para um dia dar certo. (Caio F.)

Planos, projetos e mais planos. Minha cabeça andava a mil por causa do seminário de Rosenberg, enquanto o resto do grupo pouco se lixava para o trabalho. É claro que para toda regra existe exceção, como algumas pessoas que vieram até a mim para saber sobre o trabalho e eu (Sem opção) tive que tomar a frente do grupo mais uma vez.

E finalmente chegou Quinta-feira, o dia mais esperado por mim durante a semana toda. O dia em que eu poderia ver, falar e quem sabe tocar em Franco Rosenberg mais uma vez. Entretanto dessa vez o destino veio me atrapalhar. Acordei um pouquinho tarde, e como faço uma maquiagem bem elaborada, principalmente para os dias de Quinta-feira, me atrasei para a aula dele 15 minutos. Porém mesmo assim ele me deixou entrar. Na sala haviam vários grupos formados, e por acaso Jaque me chamou para entrar no grupo de Isabela, porém eu acabei indo parar no grupo das Mess of Cats (Geralmente são aquelas garotas que andam em grupo, não querem nada da vida e que só vão para o colégio para ganhar ponto de presença) que era composto por: Ellen, Ivie (Que saiu do grupo das patricinhas depois que Camile saiu do colégio), Taty e Priscila. Aparentemente elas eram bem legais, e acima de tudo bagunceiras por isso o nome Mess of Cats.

Do jeito que eu era certinha e chatinha para trabalhos com certeza eu teria grandes problemas para colocar aquelas garotas para trabalhar. Enquanto eu me arrumava na carteira e pegava os livros, es que surge Rosenberg me dando Bom dia, e me recebendo com um leve abraço (Nossa... Amei a recepção, com certeza agora eu faria esse trabalho muito mais feliz). Então sentei na carteira e ele nos explicou rapidamente o que iriamos fazer naquela manhã, depois se direcionou para o quadro e começou a escrever. Prontamente abri meu caderno e prestei bastante atenção ao que ele dizia. Depois comecei a fazer algumas anotações no meu caderno junto com Priscila, que estava cheia de ideias para a nossa apresentação. Sim, nós iriamos fazer uma pequena apresentação falando sobre os problemas, sugestões e previsões sobre um determinado tema. No começo ficamos bem indecisas, mas escolhemos o tema educação.

Durante a aula dele, percebendo o seu bom humor e a sua alegria em estar ali conosco. Eu não resiste e acabei puxando conversa com ele várias vezes. Sempre falando da matéria mesmo, sobre trabalho, seminário. Franco é uma pessoa bem difícil de agradar, principalmente em relação aos textos. Nunca fui boa em dissertação, essa é uma das modalidades em que possuo mais dificuldade. Ainda mais de manhã cedo, quando eu acordo, tomo café e as minhas ideias e argumentos estão zerados. Mas voltando a falar dele e de nossas conversas. Eu tinha que fazer alguma coisa, a data das apresentações do seminário estava próxima e caso ele não mudasse a data teríamos que fazer teste e seminário tudo junto o que seria um verdadeiro caos. Então apresentei para ele o calendário e as datas dos testes, e como Rosenberg é uma pessoa muito sensata ele mudou a data.

Resumindo: Vários grupos se apresentaram, eu estava em estado de nervos, não conseguimos terminar a parte escrita e eu estava a ponto de brigar com Priscila de novo, quando fomos salvas pelo gongo. Tocou o horário. Então Rosenberg se aproximou da gente e disse que ficaríamos para a próxima semana, eu fiquei tão feliz que abracei Priscila na mesma hora. Na verdade não é a primeira vez que sou salva pelo gongo na aula dele, mas isso eu conto outro dia.

Depois de Redação tivemos aula de Matemática e Geografia, tudo tranquilo. Mas eu não conseguia entender, já havia se passado uma semana que fomos transformadas em vampiras e nada. Nada de sede ou fome, nada de atacar humanos e nem poderes. E cada vez que eu buscava uma resposta para aquilo tudo, mais confusa eu ficava. Eu sabia quem tinha as respostas, mas eu não queria ficar na cola dele, eu precisava esperar. Bateu o horário, eram 12 horas, fomos liberados mais cedo. Então desci as escadas, sentei em um banco e fiquei esperando Rosenberg passar. Até que veio de novo aquela voz em minha cabeça, era ele. Pedindo para que eu, Carol e Thalita fossem para os fundos do colégio e esperássemos por ele em segredo. Então eu dei uma passadinha no banheiro para checar se a maquiagem ainda estava direita. Afinal, eu não queria que ninguém percebesse que a minha pele estava ficando mais clara do que o normal.

Depois disso me direcionei para os fundos do colégio, lá encontrei Carol e Thalita. Esta ainda tentou ser simpática e falou comigo. Já Carol, só faltou me devorar com os olhos. Olhos de fúria e eu sabia qual era o motivo, ela estava odiando o fato de Rosenberg estar se aproximando de mim. Sutilmente eu comecei a olhar para os lados, enquanto Carol e Thalita conversavam em voz baixa. Usei a minha super audição que não estava muito boa no momento, mas que deu para ouvir algumas partes da conversa. De fato Carol não estava nem um pouco feliz com o tratamento que Rosenberg estava tendo comigo e para piorar ela não ficou satisfeita em saber que eu apresentaria o trabalho dos sonhos dela, Renato Russo. Porém Thalita interrompeu a conversa alertando Carol de que Franco estava se aproximando. Fiquei atenta. E ele finalmente chegou. Nos posicionamos em fila e ele começou a falar:

- Já são 12h20min, então serei breve. Melina, Carol e Thalita, minhas Rosas Negras. A partir de hoje eu quero que vocês andem juntas, como um trio. Não quero mais ver Melina dispersa durante o intervalo e as aulas. Vocês foram recém-transformadas, são inexperientes e andando separadas correm grande risco de serem facilmente descobertas por algum mortal.
- Professor Rosenberg, o que podemos fazer se Melina não quer ficar próxima a nós? - Perguntou Carol, fazendo cara de cinismo.
- Fique tranquila Carol, eu já conversei com ela, e ela me garantiu que quer fazer parte do grupo Rosas Negras. Não é mesmo Santiago? - Perguntou Rosenberg dando um leve sorriso e pondo a mão em meu ombro e no de Carol.
- Sim senhor. - Respondi timidamente dando-lhe um leve sorriso.
- Bom. Continuamos essa reunião amanhã. Eu preciso treinar, orientar e ensinar a vocês como lidar com o vampirismo. Eu quero saber exatamente como vocês estão se sentindo com essa transformação e se já tiveram algum descontrole... - Falou Rosenberg fazendo suposições.
- Não senhor. - Respondi e as garotas concordaram comigo.
- Ótimo. Então amanhã continuamos. Infelizmente não pude sair mais cedo do 2º ano A. Estão dispensadas.
- Até amanhã Professor! - Falamos juntas.
- Até amanhã. - Falou colocando os óculos escuros e se dirigindo para estacionamento.

Carol só esperou Rosenberg desaparecer do pátio para começar a soltar cobras e lagartos.

- Ha ha ha, Melina. Você pode até ter comovido Rosenberg com o seu teatro, mas nunca... Entendeu? Nunca vai entrar no nosso grupo. Olha pra você. Mesmo depois de ter sido transformada, cheia de maquiagem na cara, ainda pareci a mesma tolinha novata que eu vi no primeiro dia de aula. - Falou Carol.
- Carol, primeiro eu não preciso entrar no grupo de ninguém, eu sei me virar sozinha.
- Será? Você pode até esconder Melina Santiago, mas eu sei que lá no fundo você morri de medo de ficar só, sem ninguém para apoiá-la. Já foi acostumada tanto a solidão né? Filha única, pai ausente... - Falou Carol.
- Carol para. - Falou Thalita.
- Parar nada, essa novata tem que saber qual é o lugar dela. - Falou Carol.
- E você também, vamos embora. Ouvimos bem o que Rosenberg disse e eu concordo com ele. Estamos juntas nessa. Precisamos saber guardar o segredo, só temos umas as outras. Não devemos brigar e ainda mais pelo motivo que é. Não vale a pena. Carol, vamos embora! - Ordenou Thalita.
- Ok. - Falou Carol me dando as costas.

Nem me importei muito com que Carol disse. Só pelo fato de ter recebido atenção e carinho do meu professor favorito, eu já havia ganhado o dia, mas como ela sabia que eu era filha única e que o meu pai era ausente? Então eu passei por Carol e Thalita, e corri para o estacionamento para poder vê-lo ir embora. Quando o vi falando com algumas garotas do 2º ano A, elas o abraçavam e estavam puxando conversa com ele, no maior entrosamento. Rapidamente me escondi atrás da pilastra e me entristeci. Quando de repente veio Thalita por trás de mim e disse:

- Se está apaixonada por ele sua vida vai ser sempre assim. Cheia de carinhos eternos, despedidas longas e esperanças falsas. Não me olhe com esse espanto todo Melina, simplesmente aceite o inevitável. É você contra elas, todas elas.

Depois de tal comentário de mau gosto. Eu não queria nem ir mais pra casa, eu não queria mais saber de nada. Eu só queria ficar ali em silêncio, vendo meu corpo desabar lentamente e chegar ao chão, exausto e com o coração dividido em mil pedaços. Abaixo a música perfeita para este momento (Legião Urbana - Vento no Litoral):  

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