segunda-feira, 21 de março de 2011

Desejos Impuros - Parte 14 - A Conversa

Eu, Bianca e China entramos na sala, mal chegamos do intervalo, e elas já se reuniram com as garotas para conversar. Eu com o pensamento ainda na rampa fitei a porta e percebi que Thalita e Carol ainda não haviam chegado. Então discretamente fui até a porta, olhei para o pátio, e vi as duas conversando com Rosenberg. Carol sempre animada com a presença de Franco. Já Thalita sempre simpática, mas havia algo que a incomodava, e isso era perceptível pelo jeito que ela passava a mão nos cabelos sempre que Carol comentava alguma coisa.

Tentei escutá-los usando a minha audição aguçada, mas fim de intervalo lá no Colégio Mackenzie é a maior gritaria, até parece filme de guerra. Pessoas andando, conversando alto, passando rapidamente por mim, outras tentando escapar da Tia Lucimar, toda aquela movimentação estava me irritando bastante, já que a minha audição era bem mais sensível do que a das outras pessoas. Eram vozes demais, pensamentos demais e eu não sabia como lidar com aquele novo sentido. Ainda observando eles de longe, Franco olhou para mim e fez um sinal com a mão me chamando. E como isso não pudesse ser pior, ouvi novamente a sua voz em minha cabeça dizendo: "Santiago, quero falar com você”.

Uma das manias de Franco Rosenberg era chamar suas alunas pelo sobrenome, isso era tipo uma "herança" deixada para ele depois de se tornar policial, o que não me agradava muito (Afinal, você gostaria que o seu professor te chamasse por nome de homem? - Acredito que não). Olhei diretamente para Franco e fui até ele, com certo medo de acabar ganhando uma broca daquelas. Chegando lá, Rosenberg pediu para as garotas nos deixarem à sós. Antes de finalmente sair, Carol me olhou com uma carinha de convencida, a mesma que dizia: "Agora você vai se ferrar idiota". A minha vontade era de matar aquela garota. Ela disputava atenção comigo em relação a Franco, sempre participando das aulas dele, comentando, sempre fazendo o papel da boa aluna. Aquela patricinha demente na verdade era uma boa bisca, isso sim.

Pus uma cara de irritada vendo Carol indo embora. E voltei meus olhos para Franco, que estava sério e me perguntou: "Por que você fez aquilo?" Tentei buscar uma explicação lógica, mas acabei respondendo: "Eu estava cansada, aquelas visões estavam me dando dor de cabeça, eu tinha que parar. E como eu disse antes, repito. Não gosto de que leem meus pensamentos." - Ele me olhou analisando e perguntou: "Por que não me pediu para parar?" - Olhei para baixo e respondi: "Eu não sabia como." Ele respirou fundo e disse: "Quando uma pessoa puxa a sua mão no mesmo instante em que estou lendo a sua mente, ela corre o risco de perder as suas memórias, e pensamentos passados. Fazendo com que a sua mente fique desorientada, no ar. Sem lembrar dos fatos, e isso é muito ruim." - Olhei para ele triste e disse: "Desculpa."

Ele se irritou com a minha resposta e disse: "Não é desculpas que eu quero Melina, eu preciso do apoio de vocês três. Vocês são um grupo agora, vocês são As Rosas Negras." Olhei para o chão e respondi: "Eu sei." Então, ele parou de falar, puxou meu queixo para cima e fixou os seus olhos nos meus. Aqueles lindos olhos castanhos agora estavam tão gentis. Ele pode sentir a tristeza no meu olhar, e eu pude ver no olhar dele que de alguma forma ele acreditava em mim. Franco passou a mão pelo meu rosto e disse: "Não é fácil à situação em que vocês se encontram, mas eu preciso que confie em mim. Conte comigo para qualquer coisa. Não corra ou se esconda. Se estiver algo errado fale comigo, vamos conversar. Eu preciso da sua colaboração Melina”.

Eu não conseguia respirar direito, como eu amava aquele homem. Aqueles olhos, aquela sensação, aquele desejo de amar e ser amada. Eu não sabia o que estava acontecendo entre nós dois, mas às vezes tenho a sensação de que ele olha nos meus olhos procurando por algo, algo para sentir, algo para se lembrar, algo para se envolver. Sem saber o que dizer naquele momento, eu simplesmente dei um sorriso e balancei a cabeça dizendo: "Sim." Franco ficou feliz com a minha resposta, e percebendo que havia poucos alunos no pátio, me pediu para que eu fosse pra sala. Caminhamos juntos pelo corredor, abri a porta e acenei antes de entrar. Franco fez o mesmo e se dirigiu para sala do primeiro ano A, onde ele daria aula em seguida. Entrei na sala em silêncio, me sentei na carteira e por mais que eu tentasse manter a calma eu não conseguia tirar Franco Rosenberg da minha cabeça.

Um comentário:

Dαyαnє disse...

Oi,

Sinceramente, quem diria não?? Entendo totalmente a Melina *---*

Me apaixonando, definitivamente, pelo Franco :)

~> Beijusss...;*